segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Biocombustível: a energia do futuro?

BIOCOMBUSTÍVEL: A ENERGIA DO FUTURO?


Diana Mary Nascimento de Melo1, Lourenço Klinger Gomes de Freitas2, Marleide Rodrigues Brandão3, Nillo César Rodrigues Carvalho4

1,2,3,4Acadêmica do Curso de Graduação em Ciências Econômicas, do Centro Universitário Nilton Lins

1 dy_mary_nm@hotmail.com; 2 lklinger@bol.com; 3 marleiderb03@hotmail.com; 4 nillorodriguez@hotmail.com




RESUMO: Tendo em vista o excesso de gases poluentes jogados na atmosfera, situação que vem ocasionando o aquecimento global e, por conseguinte, aumentando o buraco na camada de ozônio, sabe-se que são fatores causados pelo homem e que podem ser amenizados. No entanto, algumas potências mundiais “demonstram preocupações” com o efeito estufa, mas não admitem ser as principais causadoras desse efeito. Uma política para diminuir a emissão desses gases prejudicaria diretamente todo o funcionamento do sistema econômico-financeiro. O Brasil também vem demonstrando grande preocupação com o meio ambiente e apresentando propostas para o Biocombustível – energia sustentável gerada a partir da cana-de-açúcar. Mas, até que ponto o Brasil preocupa-se com o meio ambiente? Os interesses não estariam voltados apenas para a questão econômico-financeira do país? Almeja apenas lançar um novo produto capaz de competir mundialmente e ganhar mercados? O plantio da cana-de-açúcar – tendo suas raízes e domínio fixado no nordeste – chega ao extremo norte devido seu processo de expansão, mais precisamente em Roraima, com a instalação da indústria sucroalcooleira que visa à produção de Etanol e derivados. Proporcionando assim, um novo pólo de desenvolvimento para a Amazônia, na qual vem gerando grande entusiasmo no governo e empresários locais. Porém, para os ambientalistas há possibilidade de desastre ecológico se não forem respeitadas as leis ambientais. Quais problemas poderão surgir em virtude desse novo empreendimento? Supõe-se a devastação de matas nativas, perda de diversidade de espécies, baixa qualidade da água, fragmentação do habitat natural em regiões biologicamente diversificadas, dentre outros. Na esfera sócio-econômica poderá acarretar o abandono de monoculturas já existentes (soja, milho, arroz etc.), bem como prejudicar o desenvolvimento e expansão da pecuária em virtude da febre do biocombustível. Portando, são viáveis todas e quaisquer formas de desenvolvimento, desde que observadas as normas ambientais, para que haja uma agressão mínima ao meio ambiente.


INTRODUÇÃO

Muitos países passaram por períodos de crescimento econômico em que os problemas ambientais foram deixados em segundo plano.
O progresso e o desenvolvimento a qualquer custo, em vários momentos da história de muitos países não resultaram em melhores condições sócio-econômicas para todos. Os resultados desse desenvolvimento desenfreado foram: destruição de ecossistemas, eliminação de muitas espécies, formação de poluição no ar, na água e no solo; através de resíduos sólidos, líquidos ou gasosos em quantidade superior a capacidade na qual o meio ambiente possa absorver.
Através de estudos e dados científicos, constata-se a cada ano o aumento da degradação do ecossistema, do bem-estar e a saúde dos seres vivos. Relaciona-se, ainda, com a presença de microrganismo causador de doenças (como vírus, bactérias e fungos) ou com a emissão de calor, som e luz.
A piora da qualidade do ar foi uma decorrência do acelerado processo de urbanização que se verificou a partir da Revolução Industrial (Século XIX).

DESENVOLVIMENTO

Aquecimento Global
Os poluentes atmosféricos podem ter origem natural como os vulcões, que lançam no ar milhões de toneladas de partículas e gases. Entretanto, as principais fontes de poluição são as provocadas pelas atividades humanas, tais como: os meios de transporte (que queimam combustíveis, como a gasolina e o óleo diesel), as indústrias (que emitem gases e materiais particulados), a queima de florestas ou de lenha, o lixo urbano, os fertilizantes e defensivos agrícolas, os resíduos hospitalares etc.

A temperatura da Terra, que permite o desenvolvimento e a manutenção da vida é determinada pelo equilíbrio entre a quantidade de energia do sol e a quantidade que a superfície e a atmosfera devolvem para o espaço.
Do total da radiação solar que alcança o planeta, cerca de um terço é imediatamente refletido, o restante é absorvido pela atmosfera, pela superfície (solo ou água) e por organismos fotossintetizantes. Como a reflexão do solo é menor que a das folhagens, o desflorestamento aumenta a fração de energia que atinge o solo e é absorvida. Por isso, as regiões desmatadas em geral se aquecem.
A Terra sofreu um aquecimento médio de 0,5 a 1,0 ºC nos últimos 100 anos. Segundo a teoria do efeito estufa, o atual ciclo de aquecimento está sendo causado principalmente pela emissão excessiva de gases-estufa, que conduziria a um aumento nas temperaturas médias globais, até 2100, entre 1,0 e 3,5 ºC.
Outro indicador apontado pelos que associam as alterações climáticas com a influência humana é a elevação média de 10 a 25 cm no nível médio dos oceanos, nos últimos 100 anos, e que teria sido provocada pelo aquecimento das águas dos oceanos (dilatação térmica dos líquidos) e pelo derretimento de geleiras. Um estudo da Universidade de Colúmbia prevê que a elevação do nível do mar poderá transformar a cidade americana Nova Iorque em uma “Nova Veneza”.
A acentuação do efeito estufa e o aquecimento global acarretariam, ainda, alterações nos padrões de precipitação pluviométrica, nas correntes atmosféricas de ar e nas correntes marítimas.
A vida humana seria afetada pelo aquecimento global. A incidência de doenças, a disponibilidade de terras pelas mudanças globais decorrentes da elevação da temperatura, a escassez de água e alimentos também será uma conseqüência dessa elevação da temperatura média do planeta. Os gases poluentes como o gás carbônico, o metano, o óxido nitroso e o vapor d’água são os principais responsáveis pelo efeito estufa. O gás carbônico corresponde a dois terços das emissões humanas de gases-estufa e sua concentração na atmosfera já se elevou em mais de 30%, desde 1750, e pode dobrar até 2065.
Ao contrário do que se pensa, as queimadas das florestas não é o principal fator do aumento do CO2 na atmosfera, os que mais liberam são a queima de combustíveis fósseis tanto nos veículos automotores quanto nas indústrias carboníferas e nas usinas termoelétricas que dependem do carvão, do gás natural e de derivados do petróleo.

Combustíveis Fósseis

A ampliação da capacidade produtiva das sociedades gerou um aumento considerável de consumo de energia no decorrer da história, sendo esta: a energia, capaz de produzir trabalho mecânico, elétrico ou térmico.
A Revolução Industrial (também interpretada como uma revolução energética) proporcionou a substituição da habilidade manual e força muscular por processos mecânicos. Navios, ferrovias e indústrias consumiam grandes quantidades de energia – antes obtidas pela queima do carvão – na qual, o ferro das máquinas e ferrovias era obtido nos altos-fornos da siderurgia.
Além de servir de combustível para automóveis, aviões e tratores, o petróleo – que adquiriu grande importância na estrutura energética dos países industrializados devido à difusão dos motores de combustão –, também é utilizado como fonte de energia em usinas e indústrias.
Os combustíveis fósseis – fontes energéticas geradas pela fossilização de material orgânico – são fontes renováveis finitas, ou seja, não-renováveis, sendo os mais importantes o carvão, o petróleo e o gás natural. Portanto, a queima desses combustíveis, mesmo em pequena escala, libera gases poluentes na atmosfera, inclusive os gases de estufa, na qual, acarreta danos ambientais.

Contexto Histórico do Petróleo No Brasil

As crises do petróleo ocorrida em 1973 e 1979 mudaram o rumo da história. Até o início de 1970, a Petrobrás concentrava os investimentos em seu parque de refino, mas o preço do petróleo no mercado internacional era baixo demais para justificar grandes investimentos em pesquisa e prospecção do óleo no Brasil. No entanto, o petróleo despontou na década de 1980 como o grande vilão da balança comercial brasileira transformando a auto-suficiência com relação ao combustível em prioridade nacional, na qual, demandou grande esforço tecnológico por parte da Petrobrás resultando na descoberta de promissoras bacias petrolíferas na plataforma continental. Todavia, o petróleo produzido no Brasil, no final da década de 1990, já correspondia a mais de 75% do que era consumido no país.
Decorrente do ciclo do açúcar que durou 150 anos e que no Brasil teve a indústria açucareira remontada a meados do século XVI, o país tornou-se um grande produtor de açúcar desde a Colônia. A partir da década de 1970 ocorreu a expansão da cultura de cana-de-açúcar no Brasil, pois o governo brasileiro, em 1975, após a primeira crise do petróleo, visou à substituição da gasolina pelo álcool nos carros de passeio lançando o Programa Nacional do Álcool (Proálcool) em 14 de Novembro de 1975.
O Brasil, sendo o pioneiro no uso em larga escala deste álcool (etanol) como combustível deveria suprir o país de um combustível alternativo e menos poluente que os derivados do petróleo, mas acabou sendo desativado na época devido às descobertas das novas bacias petrolíferas.
O Proálcool incentivava o aumento da produção de álcool de cana-de-açúcar prevendo a concessão de uma série de benefícios financeiros aos plantadores de cana e aos donos de destilarias, principalmente aos da Região sudeste. Os incentivos também foram repassados para as indústrias automobilísticas que passaram a produzir carros movidos a álcool, assim como repassados benefícios fiscais àqueles que se dispusesse a comprar esses veículos.
Em 1986, o Proálcool atingiu seu auge quando o consumo do álcool combustível ultrapassou o de gasolina automotiva. Entretanto, a redução dos preços internacionais do petróleo colocou limites para a substituição da gasolina, acabando por arrastar o próprio Proálcool para uma crise. Por conseguinte, a Guerra do Golfo, em 1991, reascendeu o debate sobre o futuro do combustível automobilístico no Brasil, abrindo novamente as portas pra o Proálcool, dessa vez, de cara nova: Biocombustível.

Biocombustível

Um dos temas mais debatidos ultimamente é o uso de biocombustíveis, pois os combustíveis fósseis, os mais utilizados, não são renováveis e as reservas terrestres tendem a diminuir cada vez mais, sem possibilidade de renovação. Além de tudo, são extremamente poluidores.
Os biocombustíveis são materiais biológicos que, quando em combustão, possuem a capacidade de gerar energia para realizar trabalhos.
Em foco, nos concentraremos naqueles combustíveis com potencial, principalmente de interesse econômico como é o caso do etanol, gerado a partir da cana-de-açúcar, onde a energia para queimar é inferior à energia que irá gerar posteriormente. O álcool (etanol) é o biocombustível mais difundido no Brasil, por apresentar um menor potencial poluidor em comparação aos combustíveis derivados do petróleo.

Cultivo da Cana-de-Açúcar no Norte Brasileiro

Há anúncios de que o Brasil deverá se tornar uma potência na produção do biocombustível em larga escala. O cultivo da cana-de-açúcar, até então com índice de maior produção na região nordeste, vem passando por um processo de expansão chegando ao extremo norte, mais precisamente no Estado de Roraima, por possuir um relevo conhecido como lavrado, onde predominam campos gerais ou cerrados. Compondo uma área de mais de 2,5 milhões de hectares que, de acordo com o agrônomo e analista da Embrapa de Roraima, José Alberto Mattioni, poderá ser usado para a nova cultura, sendo assim não haverá a necessidade de desmatamento para a introdução da cana-de-açúcar no Estado.
O atrativo principal para a produção de álcool em Roraima é para abastecer o mercado de Manaus e a exportação de etanol para a Venezuela, que ainda utiliza somente combustíveis fósseis na sua matriz energética.
De acordo com José Alberto Mattioni, o ciclo de plantio e colheita em Roraima é mais rápido em relação ao sudeste e o nordeste que dura de um ano a um ano e meio, enquanto que em Roraima devido estar a três graus norte, com uma insolação muito grande e temperaturas altas, encurtam o período das culturas. Assim, o ciclo da cana-de-açúcar varia de sete a oito meses para a colheita no Estado.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Ao serem instaladas, as indústrias de biocombustíveis devem respeitar as diretrizes ambientais e assim, contribuirão para mais um pólo de desenvolvimento socioeconômico. Porém, com uma mínima agressão ao meio ambiente.
Quais problemas poderão surgir em virtude desse novo empreendimento?
A cana é um produto completo porque produz açúcar, álcool e bagaço, cujo vapor gera energia elétrica. Contudo existem problemas a serem resolvidos para que este álcool seja realmente um alternativo sócio e ambientalmente sustentável. Problemas esses, provenientes da monocultura da cana-de-açúcar, pela condição social e trabalhista da mão-de-obra empregada e pelo arcaico processo de colheita no qual obriga a queima da cana.
A queima por mais que facilite e barateie o corte manual, fazendo com que a produção tenha um aumento de 2 para 5 toneladas por dia, libera gás carbônico, ozônio, gases de nitrogênio e de enxofre, ocasionando as chuvas ácidas, enquanto a fuligem da palha queimada contém substâncias cancerígenas, contudo provocando significativas perdas de nutrientes para as plantas. Entretanto, enquanto algumas usinas afirmam que só com a queima da palha há aumento de produtividade, outras dizem que sem a queima da cana, além de aumentar o número de empregos no processo de colheitas, aumenta o teor de matéria orgânica do solo e reduz a poluição do ar.
Mas, até que ponto o Brasil preocupa-se com o meio ambiente? Os interesses não estariam voltados apenas para a questão econômico-financeira do país? Almejando apenas lançar um novo produto capaz de competir mundialmente e ganhar mercados?

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Muitos analistas, favoráveis ao Biocombustível, argumentam que com a instabilidade dos preços do petróleo no mercado mundial seria conveniente a manutenção dos subsídios ao novo combustível. Por outro lado, setores ambientalistas consideram que os carros movidos a álcool são menos poluentes, fator que contribui para tornar mais respirável o ar das grandes cidades brasileiras.
Segundo os estudos, sabe-se que o álcool não chega a ser um combustível automotivo conforme dito: “ecologicamente correto”. Mas, não polui tanto o ar das grandes cidades quanto a gasolina. Por conseguinte, os estudos mostram que a queima do álcool nos motores dos veículos acarreta a emissão de aldeídos – especialmente o etanol, de efeitos danosos para a saúde humana. Além disso, a monocultura da cana-de-açúcar esgota rapidamente o solo, na qual o manejo da terra deve ser bem conduzido, devido os canaviais tornarem o solo imprestável para a agricultura em poucos anos.
O Biocombustível será a energia do Futuro?

REFERÊNCIAS

BIOCOMBUSTÍVEL REQUER POLÍTICAS PÚBLICAS. Acesso em 29/09/2007 disponível no site: http://www.brasildefato.com.br/v01/agencia/nacional/nota.2007-03-09.3806366317
BIOCOMBUSTÍVEL. Acesso em 29/09/2007 disponível no site: http://pt.wikipedia.org/wiki/biocombust%c3%advel
BIOCOMBUSTÍVEL. Acesso em 29/09/2007 disponível no site: http://www.ipef.br/tecprodutos/biocombustível.asp
BIOCOMBUSTÍVEL: QUESTÃO ENERGÉTICA, SOCIAL E AMBIENTAL. Acesso em 29/09/2007 disponível no site: http://www.ipef.br
BIODIESEL. Acesso em 29/09/2007 disponível no site: http://www.biodieselecooleo.com.br
CANA-DE-AÇÚCAR. Acesso em 29/09/2007 disponível no site: http://br.geocities.com/atine50/cana/cana.html
FAÇANHA, Cristiane. Biocombustível. Questão energética, social e ambiental. Painel Ciência & Cultura. 2004.
FAVARETTO, José Arnaldo. Biologia para o Ensino Médio. Editora Moderna Ltda. 2005.
GORE, Ex-vice-presidente Americano Al. Uma Verdade Inconveniente, 2006.
GOVERNO DE RORAIMA ANUNCIA INSTALAÇÃO DE FÁBRICA DE BIOCOMBUSTÍVEL (14 de maio de 2007). Acesso em 29/09/2007 disponível no site: http://portalamazonia.globo.com/notícias.php?idLingua=1&idN=52529
GOVERNO LIBERA CANA NA AMAZÔNIA EM ÁREAS DESMATADAS. Acesso em 29/09/2007 disponível no site: http://noticias.correioweb.com.br/materias.php?id=2720861&sub=Economia
IMPACTO AMBIENTAL DA CANA. Acesso em 29/09/2007 disponível no site: http://www.cana.cnpm.embrapa.br/setor.html
IMPACTO AMBIENTAL DAS ATIVIDADES HUMANAS. Acesso em 29/09/2007 disponível no site: http://www.cana.cnpm.embrapa.br/impacana.html
MAGNOLI, Demétrio; OLIC, Nelson Bacic; ARAÚJO, Regina. Geografia para o Ensino Médio. Editora Moderna Ltda. 2005.
PLANTIO DE CANA-DE-AÇÚCAR LIBERADO NA AMAZÔNIA. Acesso em 29/09/2007 disponível no site: http://blogvisão.org/2007/09/28/017-plantio-de-cana-de-acar-liberado-na-amaznia
RORAIMA PODE VIRAR NOVA FRONTEIRA AGRÍCOLA DA CANA-DE-AÇÚCAR. Acesso em 29/09/2007 disponível no site: www.portalamazonia.globo.com/notícias.php...
RORAIMA. Acesso em 29/09/2007 disponível no site: http://www.ambientebrasil.com.br/composer.php3?=./estadual/index.html&conteudo
TERRA, Revista Semente da. Do Campo até Você! M.L.A. Miranda Publicidades. Ano IV – Nº 016– 2007.

Nenhum comentário: