segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Biomassa Amazônica: produção de combustível verde

A UTILIZAÇÃO DA BIOMASSA AMAZÔNICA PARA PRODUÇÃO DE COMBUSTÍVEL VERDE


Lidiane dos Santos Carvalho1, Silvanira Sales de Lima2 e Emmerson Alves de Paula3

1,2,3Acadêmicos do Curso de Ciências Econômicas



RESUMO

Para ser entendido o que vem a ser utilização da Biomassa Amazônica para produção de Combustível Verde, é necessário primeiramente a compreensão do significado de Biomassa. Biomassa é toda forma de vida existente no ecossistema ou numa população animal ou vegetal.
A Biomassa tem sido utilizada desde as antigas civilizações através do fogo, para cozimento e iluminação. Durante todo processo histórico a Biomassa foi utilizada de diversas formas e principalmente como fonte de energia, o que gerou o desenvolvimento da sociedade e da Economia mundial.
A Biomassa mesmo com a utilização dos combustíveis fósseis (Petróleo e Carvão Mineral) que foi descoberto em 1860, continuou desempenhando importante papel energético principalmente nos países tropicais, a partir das recentes crises do abastecimento de Petróleo se evidenciou a grande importância da utilização de derivados da Biomassa como: álcool, gás, madeira, biogás, e óleos vegetais nos motores de combustão.
Como os países tropicais são grandes produtores de Biomassa, nossa Amazônia não poderia ficar de fora, visto que, é a maior concentração de Biodiversidade do mundo. Um dos projetos de Bioenergia existente para nossa região o PRONENAT, tem como finalidade a geração de energia elétrica a partir de óleos vegetais, uma das formas encontradas foi a utilização do óleo de dendê como combustível, que beneficiara comunidades que se localizam em áreas isoladas na Região Amazônica.

PALAVRA-CHAVE: cocção, pirólise, CENBIO.


INTRODUÇÃO

Com o passar do tempo o homem procurou utilizar-se de matérias existentes na natureza, sem a devida preocupação se um dia essas matérias acabariam ou não. Com a transição da lenha para o Petróleo, se deu uma nova forma de energia, provendo assim nossas necessidades.
Para conhecermos um pouco mais da criação, da forma natural de se obter combustível puro sem agredir nossa natureza, é necessário aludir como ela vem dando certo em outros países, como por exemplo, a Alemanha que é o país que mais produz Biocombustivel no mundo.
Temos como principal parceira nossa natureza que possui riquezas diversas e é o principal fator para criação dessa nova tecnologia chamada Biomassa que vem evoluindo com o passar dos tempos, dando a oportunidade aos países de obterem economicamente e ambientalmente combustível limpo.
Este artigo relatará a criação dessa tecnologia no Mundo, no Brasil e principalmente na nossa Amazônia, onde se concentra grande parte desses resíduos que além de contribuir para a transformação desse combustível verde, tem levado energia aos ribeirinhos, que por sua vez, têm sido os maiores beneficiados com essa nova tecnologia, poderíamos até dizer que são a variável principal desse projeto, o qual tem crescido, não só aqui através dos resíduos da floresta amazônica, mas também em todo mundo, com o intuito de substituir o petróleo e a diminuição de emissões dos gases que provocam ou contribuem para efeito estufa.

1. ATUAÇÃO DO COMBUSTÍVEL VERDE

1.1 Mundo

Uma das vertentes explicativas mais presentes na atualidade é aquela que procura associar a utilização em grande escala da biomassa, enquanto fonte energética, como um indicador inquestionável de subdesenvolvimento. Para os países que apresentam índices próximos ou superiores a 30% de utilização da biomassa como fonte energética primária, são identificados como países do Terceiro Mundo, os procedimentos se aprofundam ainda mais quando, ao lado deste perfil de consumo energético, tais análises identificam esses mesmos países como responsáveis pelo acelerado desmatamento.
Para conhecermos mais, da evolução do Combustível Verde no mundo, pode-se citar a Alemanha como o país que mais produz biodisel, chegando sua produção a 985 milhões de litros anuais, a partir de óleo de canela.
Segundo a Revista Brasileira de Bionergia (ano I nº. 1 março; 2007) a Biomassa tem sido uma potência nos países subdesenvolvidos, na China o Biodisel produzido vêm do milho, uma ação que não está atendendo a grande Demanda, e têm se investido cada vez mais na substituição do Petróleo, com incentivo de seu governo.
Os objetivos desses países como na Europa: Alemanha, França e Itália onde a concentração de produção de Biodisel é bem maior, eles tem como um dos principais fatores a amenização do efeito estufa no mundo causado pelo Petróleo.
Com a ampliação desses projetos, pode-se então estabelecer 2% de adição de biocombustivel, isso foi até dezembro de 2005 e 5,75% em dezembro de 2010.
As expectativas que se esperam no mundo, é que o Biocombustivel substitua cerca de 2 milhões de toneladas de Petróleo até 2010.

1.2.1 PARCELAS MUNDIAIS DA OFERTA TOTAL DE ENERGIA PRIMÁRIA

1. Combustíveis Fósseis = 79,03%
2. Renováveis e Lixo = 10,52%
3. Nuclear = 6,83%
4. Hidrelétrica = 2,28%
5. Solar = 0,53%

1.2.2 OFERTA TOTAL DE ENERGIA PRIMÁRIA EM PAÍSES DA OECD

1. Comb. Fósseis = 82,81%
2. Renováveis e Lixo = 3,39%
3. Nuclear = 11,01%
4. Hidrelétrica = 2,13%
5. Solar = 0,67%

1.2.3 NÃO MEMBROS DA OECD

1. Comb. Fósseis = 76,39%
2. Renováveis e Lixo = 18,79%
3. Nuclear = 1,99%
4. Hidrelétrica = 2,47%
5. Solar = 0,36%


Renováveis: incluem a energia proveniente de biomassa moderna e tradicional. O aconselhável seria considerar como renovável;

Biomassa tradicional é produzida de maneira insustentável e usada como fonte não comercial de energia, basicamente lenha e madeira;

Biomassa moderna é a utilização de lixo sólido, resíduos florestais e de agricultura para geração de eletricidade e produção de calor;

Países OECD: membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico: Austrália, Áustria, Bélgica, Canadá, República Tcheca, Dinamarca, Finlândia, França, Alemanha, Grécia, Hungria, Islândia, Irlanda, Itália, Japão, Coréia, Luxemburgo, México, Holanda, Nova Zelândia, Noruega, Polônia, Portugal, República Eslováquia, Espanha, Suécia, Suíça, Turquia, Reino Unido e Estados Unidos;

1.3 BRASIL

No Brasil temos a intensa produção de biomassa energética por meio da cana-de açúcar, localizada no estado de São Paulo comparando-se com a produção de energia hidráulica. São Paulo importa 40% da eletricidade que consome e exporta álcool para o resto do país, a maior parte da energia dessa biomassa é utilizada na produção do etanol – combustível líquido.
Os resíduos de madeira provenientes da produção de lenha, carvão vegetal e toras também são aproveitados para geração de energia elétrica. Os estados brasileiros com maior potencial de aproveitamento de resíduos de madeira são: Paraná e São Paulo.
Segundo, a Revista Brasileira de Bionergia (Ano 1 – Nº. 1 – março – 2007) relata que o mercado Brasileiro pretende contemplar três setores o Ambiental, Social e Econômico, e promete se tornar referência para o mundo como Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB), “Com o Programa, temos o objetivo de reduzir as emissões de poluentes e a importância de diesel mineral, e ao mesmo tempo, gerar emprego e renda no campo e diminuir as disparidades regionais”, explica Rodrigo Augusto Rodrigues, coordenador da Comissão Executiva Internacional do Biodiesel.
Em virtude de fatores já mencionados, como terreno, mão-de-obra disponível e clima favorável ao cultivo das matérias-primas do biodiesel – óleos vegetais, como de dendê, mamona e soja.
O Brasil é um dos potenciais lideres também nesse mercado, ao lado da Malásia, Argentina e Estados Unidos. De acordo com Rodrigo Augusto Rodrigues um dos decretos do programa obriga, a partir de 2008 a mistura de 2% de biodiesel ao combustível, que irá gerar uma demanda de 800 milhões de litros por ano de biodiesel no país.

1.4 AMAZONAS

A Amazônia possui a maior biodiversidade do mundo, fica claro que têm o maior potencial na geração de energia a partir da utilização de biomassa. Este assunto vem sido debatido em diversas esferas da sociedade: política, social, ambiental e econômica.
Na região amazônica já existem projetos que buscam alternativas para geração de energia elétrica como podemos citar, a obtenção do biodiesel a partir de plantas oleaginosas. Foi divulgado no Jornal do Comércio em maio de 2007, que as iniciativas pública e privada estão destinando este ano R$ 2,22 milhões ao plantio de espécies nativas, ao processamento de óleos vegetais e novas pesquisas científicas.
Desde 1997 a Embrapa Ocidental (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), possui uma usina de produção de óleo de dendê no município Rio Preto da Eva a 80 km de Manaus e inaugurou em maio deste ano a primeira usina de biodiesel do Estado com produção de mil litros por dia para ser utilizado em um motor 55 kwa instalado na comunidade São Francisco de Mainá (vila do Puraquequara), área em que o exército realiza treinamentos. Segundo a engenheira química Wilma Gonzalez do IME – Instituto Militar de Engenharia - a usina tem capacidade para produzir até 3.000 litros por dia, 40% da produção atual de biodiesel são utilizados para abastecer o motor e os 60% que restam são distribuídos para três comunidades isoladas. Este projeto faz parte do programa Luz para Todos do governo federal e é realizado pelo IME, Embrapa e Fucapi ( Fundação Centro de Análise, Pesquisa e Inovação Tecnológica), e tem como finalidade o atendimento a comunidades isoladas.
Em 2004 foi lançado Programa Estadual do Biodiesel, um dos projetos deste programa é o “Programa de Biodiesel para o Amazonas a partir de Oleaginosas Nativas” que tem como participante a UFAM (Universidade Federal do Amazonas), INPA (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia) e comunidades isoladas da Reserva Extrativista do Médio Juruá. De acordo com informações da secretária adjunta da SECT (Secretaria do Estado Ciência e Tecnologia), Izaura Rodrigues Nascimento, o projeto terá duração de dois anos com um investimento de R$400 mil, sendo R$ 200mil do FNDCT (Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e R$ 200mil da FAPEAM (Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado do Amazonas). O projeto busca a consolidação do laboratório para o estudo de óleos e gorduras e o controle da qualidade do biodiesel a partir de óleos obtidos do tucumã, do urucuri, do muru-muru e do babaçu iniciando-se na análise do óleo até os testes em motores.

Murumuru


O setor privado também tem investimento na utilização de biomassa para geração de energia. A empresa Biodiesel da Amazônia, criada este ano para trabalhar com a promoção compra e beneficiamento de sementes se instalou no município de Itacoatiara, buscando a inserção do Estado no PNPB (Plano Nacional de Produção e Uso do Biodiesel), do governo federal. Essa empresa já tem um plantio de aproximadamente 70 mil mudas de pinhão manso, planta comum no Brasil que fornece uma semente com rendimento de 30% 40% de óleo, as características apontadas para o cultivo do pinhão manso é o fácil plantio a adaptação em solos de baixa fertilidade e alta produtividade.
O biodiesel extraído do pinhão manso pode ser visto como uma alternativa para os municípios do Amazonas através do seu uso em navegação fluvial e nos veículos que possuem motores pesados como pick-up e outros além de gerar emprego e renda aos pequenos produtores.
O dendê tem uma produtividade média anual de 4 toneladas de óleo por hectare (dez vezes maior que a da soja) e maior disponibilidade tecnológica para o uso do óleo. Outras culturas de grande potencial são o buriti, o babaçu e a andiroba, fartamente encontrados nessa região( FREITAS; DI LASCIO;ROSA, 1996). Há outros resíduos que apresentam grande potencial na geração de energia elétrica estes são: a casca de arroz, casca de castanha de caju, e casca de coco – da – baía.
Algumas tecnologias de aproveitamento da biomassa são: combustão direta de processo termoquímico, (gaseificação, pirólise, liquefação, e transesterificação), ou processos biológicos (digestão anaeróbica e fermentação).
Vejamos seus conceitos abaixo:
Combustão direta: combustão é a transformação da energia química dos combustíveis em calor, por meio das reações dos elementos constituintes com o oxigênio fornecido. Para fins energéticos, a combustão direta ocorre essencialmente em fogões (cocção de alimentos), fornos (metalurgia, por exemplo) e caldeiras (geração de vapor, por exemplo).
Gaseificação: como o próprio termo indica, gaseificação é um processo de conversão de combustíveis sólidos em gasosos, por meio de reações termoquímicas, envolvendo vapor quente e ar, ou oxigênio, em quantidades inferiores à estequiométrica (mínimo teórico para a combustão). Há vários tipos de gaseificadores, com grandes diferenças de temperatura e/ou pressão. A gaseificação de biomassa, no entanto, não é um processo recente. Atualmente esse renovado interesse deve-se principalmente à limpeza e versatilidade do combustível gerado, quando comparado aos combustíveis sólidos. A limpeza se refere à remoção de componentes químicos nefastos ao meio ambiente à saúde humana, entre os quais o enxofre.
Pirólise: a pirólise ou carbonização é o mais simples e mais antigo processo de conversão de um combustível (normalmente lenha) em outro de melhor qualidade e conteúdo energético (carvão, essencialmente). O processo consiste em aquecer o material original (normalmente entre 300°C e 500°C), na “quase-ausência” de ar, até que o material volátil seja retirado. O principal produto final (carvão) tem uma densidade energética duas vezes maior que aquela do material de origem e queima em temperaturas muito mais elevadas. Além de gás combustível, a pirólise produz alcatrão e ácido piro-lenhoso.
Digestão anaeróbia: a digestão anaeróbia, assim como a pirólise, ocorre na ausência de ar, mas, nesse caso, o processo consiste na decomposição do material pela ação de bactérias (microrganismos acidogênicos e metanogênicos). Trata-se de um processo simples, que ocorre naturalmente com quase todos os compostos orgânicos.
Fermentação: fermentação é um processo biológico anaeróbio em que os açúcares de plantas como a batata, o milho, a beterraba e, principalmente, a cana de açúcar são convertidos em álcool, por meio da ação de microrganismos (usualmente leveduras). Em termos energéticos, o produto final, o álcool, é composto por etanol e, em menor proporção, metanol, e pode ser usado como combustível (puro ou adicionado à gasolina – cerca de 20%) em motores de combustão interna.
Transesterificação: transesterificação é um processo químico que consiste na reação de óleos vegetais com um produto intermediário ativo (metóxido ou etóxido), oriundo da reação entre álcoois (metanol ou etanol) e uma base (hidróxido de sódio ou de potássio) (RIBEIRO et al., 2001). Os produtos dessa reação química são a glicerina e uma mistura de ésteres etílicos ou metílicos (biodiesel).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A partir das pesquisas realizadas observou-se que há diversos projetos voltados para a geração de energia utilizando biomassa amazônica e que estes têm a finalidade inicialmente de fazer inclusão de comunidades isoladas do sistema elétrico.
Outro aspecto interessante, é que o aproveitamento racional da biomassa promove o desenvolvimento destas regiões por meio da criação de emprego e geração de renda, o que reduz o êxodo rural e a dependência de energia externa.
Com essas informações, foi observado o crescimento global da Biomassa como fonte de energia no mundo, como foi relatado tem chegado aos países em desenvolvimento e nos desenvolvidos, no Brasil as plantações que serão utilizadas para a produção de combustível estão crescendo e dando resultado.
No Amazonas, os projetos já implantados têm ajudado as comunidades de baixa renda que não possuem energia, tendo somente o diesel para iluminação, já estão podendo substituí-lo pelo Combustível Verde.


CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Utilização do Biocombustivel pode representar uma redução na demanda por Petróleo e redução na emissão de gases que causam o efeito estufa. Uma das preocupações é que a produção agrícola esteja mais voltada para produção de Biocombustivel do que para alimento.
O uso dessa tecnologia está crescendo rapidamente no mundo, pois é bastante estimulado por políticas governamentais e pelo preço do petróleo. Uma das questões mais difíceis que os países podem enfrentar ao tentar dar um grande salto na produção do Biocombustivel é a questão de garantir a seguridade alimentar.
Na região amazônica, a Biomassa é uma alternativa potencial e viável para a geração de energia, melhorando a qualidade de vida dos ribeirinhos, eles são os mais beneficiados com essa nova tecnologia economicamente e ambientalmente correta, não agride a parte ambiental ao contrário ajudará o seu desenvolvimento. Para nossa economia será de fato importantíssima pois com a redução da compra do Petróleo, e não mais a utilização do óleo diesel que, por sua vez traz conseqüências maléficas para os que o utilizam.
Com a Biomassa e seus derivados, podemos afirmar que a Amazônia sem duvida será uma grande parceira para que esse projeto seja realizado com sucesso, trazendo não só para nós, mas para o mundo, uma maneira de viver sem agredir o espaço que vivemos e o ar que respiramos.



REFERÊNCIAS

IEA, 2004, Biofuels for Transport: an International Pespective, IEA Paris http://www.iea.org/
Cenbio, 2007, Revista Brasileira de Bionergia – Ano nº. 1 – março – 2007 http://www.cenbio.org.br/
Suani Teixeira Coelho,Universidade de São Paulo (USP) Centro Nacional de Referência em Biomassa (Cenbio).
Jornal do Comércio – março - 2007
http://pt.wikipedia.org/wiki/Biomassa

http://www.aneel.gov.br/

http://www.ambientebrasil.com.br/

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